- Ever.. eu.. eu não sei como falar.. eu juro que... em todos esses anos.. eu nunca... travei. E hoje.. estou travando pra falar ... - disse Tonny, entrando em seu apartamento um tanto sem graça.
- Tonny, você me conhece, querido. Não tenho paciência para palavras mal ditas e malditas. Só, fala...- disse Ever sem paciência.- Nunca precisou pensar muito antes de falar, não vejo porque precise agora.
-Mas é esquisito. Eu nunca falei sobre sentimentos antes. As pessoas sempre me viam como um ser sem coração e.. depois do que aconteceu com a gente semana passada... eu não sei como me sentir. - disse, desorientado.
-Bom, e eu sempre falei abertamente sobre os meus. Isso não terminou bem, não foi? - disse Ever, lembrando da noite de sábado, no reencontro da turma do ensino médio. - Creio que ambos precisamos de um pouco de equilíbrio.
- Sim.. mas por que eu? Por que vc escolheu logo a mim? - perguntou Tonny.
-Boa pergunta. Mas te respondi inúmeras vezes, isso, se esforça, e me responde dessa vez: Por que você, Tonny? Meu equilíbrio é você. Até você ja apontou isso nas nossas pequenas discussões. Sou desequilibrada, inconstante, efusiva e nunca me sinto preenchida. Você foi a única pessoa que conseguiu me equilibrar, me domar e me preencher. - disse Ever, com lágrimas nos olhos.
-Sim, mas... eu não sou gentil. Sou um dr. House sem bengala. Eu não consigo entender por que eu reagi aquele beijo. - disse olhando para baixo.
-Equilíbrio. Meu amor. Equilíbrio.Eu sou sua bengala.Você não nota isso? Em quem que você despeja uma tonelada de problemas e pensamentos?
-Eu não acho que devo ser um bom parceiro pra você... eu...sou chato. Eu sou rabugento. E você.. É animada. Feliz..
- Eu. Eu to sempre ali. Sempre por perto. Ainda bem que não é você que toma a decisão do que eu quero pra mim.A pergunta é. Você me quer? - Parecia firme. mas não estava. O que ela poderia ouvir a partir dali, poderia mudar de vez o modo como via as coisas.
-Eu quero. Mas sei que você é muito mais do que mereço. Eu.. não sei se eu poderia te fazer feliz. - Tonny se levanta e vai ate Ever.. se abaixa e olha fixo nos olhos dela...- Eu queria muito ser digno de você.
-Hmp- Murmura Ever de indignação desviando e revirando os olhos.- Tonny- diz Ever enquanto se levanta com o dedo apontado para o peito dele enquanto o afasta- Tonny-. Ela pronuncia mais uma vez, respirando e ruminando seus pensamentos, porque aquilo ia doer- Eu sei o que eu quero, sei quem eu quero. Eu vou estar aqui pra você, mas cansei desse jogo onde você acha que não merece nada. - Desembucha, segurando as lágrimas, queria parecer forte, ela era forte. - Se você já terminou pode ir- e abre a porta abruptamente.
Tonny vai atrás dela e a abraça por trás.
-Por favor... não.. não derrame lágrimas. Eu suporto toda a dor e solidão. Todos os xingamentos do mundo. Mas.. eu não consigo me sentir bem quando você derrama lágrimas.Eu quero você. Eu quero. Mas tenho medo de te ferir e nunca mais te ver sorrir pra mim.E me contar das estrelas e da astrologia. Mesmo que não acredite nem um pouco nisso... quando é você falando... eu me sinto bem. E tudo parece fazer sentido.
-Eu não vou chorar! Já cansei de chorar por você- se desvencilha dele enquanto bate a porta com força, fazendo o cachorro da vizinha que estava na grama se assustar- Eu quero que você se decida.
Você só me faz chorar quando não sabe o que quer.
-Você lembra quando éramos crianças e você me dizia que queria ser uma guerreira forte e poderosa. Uma verdadeira rainha?
-Você ainda lembra disso?- sorri
Tonny pega umas paginas do bolso.
- Eu lembro de cada detalhe. Aqui... os desenhos da gente que vc fez pra mim quando a gente tinha 5 anos. Ou esse aqui que a gente andava de mãos dadas fugindo da professora Ester... Eu lembro quando você dividiu seu lanche comigo depois que os valentões roubaram meu lanche. Lembro que você depois bateu em todos eles...
Ever pega os desenhos tremendo, com medo de amassar sem querer. Enquanto Tonny continuava.
-Eu lembro que quando meus pais morreram naquele acidente de carro nos meus 15 anos... era você que me apertava com força pra eu não desabafar...
-Eu sou sua bengala, querido. E você a minha. É o que eu falo quando falo em equilíbrio...
- Eu lembro quando seu primeiro namorado terminou com você. Você saiu no meio da chuva, com a maquiagem toda borrada e bateu na minha porta toda molhada chorando.
-Nao acredito que você lembra logo disso- solta uma risada alta e se senta no sofá.
-Eu esqueço aniversários... esqueço compromissos.. mas quando o assunto é você... eu nunca perco um detalhe. Eu nunca entendi bem... esse negócio de amar... mas... se algum dia eu já amei alguém.... esse alguém é você.
- Lembro dos seus beijos as escondidas com suas coleguinhas atrás da cantina da escola.
É- Sorri-Era difícil admitir que eu gostava de você, não do jeito infantil, do jeito adulto.- diz desmanchando o sorriso- mas pelo menos eu não precisava lidar com isso.
-Tem mais uma coisa que eu quero mostrar. Você me disse, aos 17, em nossa formatura.. depois do fora que ganhamos dos nossos pares... que um dia.... ia achar o amor da sua vida e ia ganhar uma replica da aliança que pertenceu a sua mãe... Uma aliança de ouro branco com os dizeres "pra sempre sua" e pra sempre seu".Então eu quero te dar isso. - retira 2 alianças de ouro branco- Eu não vou ser um namorado perfeito. Mas juro que vou tentar arrancar um sorriso seu todo dia durante toda a minha vida
O mundo parou de girar, Even encarava aquelas alianças com tanta paixão, tanto amor, tanta felicidade, que ela só conseguiu chorar e sorrir, gargalhar de felicidade. E estender sua mão, afirmando o que queria. O que sempre quis. O que desejou desde o primeiro dia que teve consciência que Tonny era o que faltava nela.
-Ever.. eu não sei como... não sei porque e tão pouco me interessa. Eu sei que eu quero você e isso basta. Você aceita esse garoto paspalho e desorientada em seu coração?
-Olha minha mão aí, Tonny. Claro que eu aceito, coloca isso logo aí antes que eu trema mais, vai
Tonny coloca o anel em seu dedo. Com todo cuidado do mundo.
- E agora... - fala se aproximando- precisamos de um beijo oficial. Um beijo roubado em uma festa... não sei se fica legal...
-Eu penso um pouco diferente, sabe- diz inclinando a cabeça e falando no ouvido de Tonny, do menino que ela amou e homem que ela ama- a gente pode ter vários beijos oficiais.
Por Raizza Fiorotto e Victor Jaym
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